Nova República no Brasil: 1985
- Hoje
O período chamado de “redemocratização” compreendeu os anos de 1975 a
1985, entre os governos dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo
e as eleições indiretas que devolveram o poder às mãos de um presidente civil.
Abertura política em Geisel e Figueiredo
O processo de redemocratização compreendeu uma série de medidas que,
progressivamente, foram ampliando novamente as garantias individuais e a
liberdade de imprensa até culminar na eleição do primeiro presidente civil após
21 anos de ditadura militar.
Esse processo, contudo, foi composto por momentos de avanço e recuo dos
militares, uma vez que desejavam garantir uma transição controlada sem que os
setores mais radicais da oposição chegassem ao poder. Por isso, medidas de
distensão como a Lei da Anistia, conviveram com medidas de
repressão, como o Pacote de Abril e a recusa da Emenda
Dante de Oliveira, que pedia eleições diretas para presidente da república.
Dentre as principais medidas que caracterizaram o processo de
distensão, encontram-se o fim da censura prévia à espetáculos e publicações, a revogação
do AI-5, o retorno ao pluripartidarismo e a Lei de Anistia.
Apesar de representarem avanços no sentido de restaurarem o sistema democrático,
o retorno ao pluripartidarismo e a Lei de Anistia visaram também o benefício
dos militares, uma vez que a primeira dividiu a esquerda em diversos partidos e
a segunda promoveu o perdão dos agentes que cometeram crimes contra os direitos
humanos durante a Ditadura Militar.
Os partidos políticos e as Diretas Já
Com o retorno ao pluripartidarismo, a Aliança Renovadora Nacional
Renovadora (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
foram extintos dando lugar a novos partidos políticos. O MDB virou Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e a ARENA virou o Partido
Democrático Social (PDS). Foram também criados o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o
Partido Popular (PP) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
Este
último, para a surpresa dos militares, operou em sentido contrário ao desejado,
pois fortaleceu a esquerda e mobilizou a classe trabalhadora em torno da
redemocratização. Foi um dos precursores da campanha pelas Diretas Já e,
durante o século XXI, levou seu líder, Luiz Inácio Lula da Silva a dois
mandatos presidenciais consecutivos, tornando-se o primeiro operário a chegar
ao posto de Presidente da República na História do Brasil.
Por mais que as Diretas Já tenham mobilizado milhões de pessoas em
manifestações memoráveis em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio
de Janeiro, a
Emenda Dante de Oliveira foi derrotada no Congresso
Nacional e as eleições diretas para presidente só ocorreram em 1989.
O primeiro
presidente civil, Tancredo Neves (PMDB) foi eleito, portanto, de forma indireta,
mas não chegou a assumir o cargo porque na véspera de sua posse, dia 14 de
março de 1985 foi internado às pressas no Hospital de Base de Brasília, a
capital Federal.
Dia seguinte, 15 de março de 1985 às 10 horas da manhã, tomava posse
como primeiro presidente civil depois da Ditadura Militar, seu vice José
Sarney da Frente Liberal, uma dissidência do PDS que futuramente se
tornaria um novo partido político com a sigla PFL (Partido da Frente Liberal).
Tancredo passaria por duas cirurgias ainda em Brasília devido a uma
infecção que relutava a deixar seu corpo, sendo transferido em estado grave
para o Instituto do Coração em São Paulo. No INCOR foram feitas mais
cinco cirurgias e ele não melhorava, pelo contrário, em cada uma, seu estado só
piorava e depois de 38 dias de agonia, no dia 21 de abril de 1985,
feriado de Tiradentes, o mineiro Tancredo Neves falecia.
O país inteiro chorou a sua morte. Uma multidão de cerca de duas
milhões de pessoas acompanhou, nas ruas de São Paulo, o cortejo que levou o
corpo de Tancredo até o aeroporto, de onde seguiu com destino a São
João Del Rei, sua cidade natal.
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