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sábado, 23 de setembro de 2017

Idade Média: Feudalismo

Panorama 

A Idade Média, segundo os historiadores, é um período compreendido entre os anos de 476 a 1453, ou seja, do século V ao século XV. Costuma-se também dividi-la em dois grandes períodos, A Alta Idade Média (séculos V ao X) e a Baixa Idade Média (séculos XI ao XV). 

É comum chamarmos a Idade Média de Idade das Trevas devido ao pouco avanço cultural, científico produzido nestes quase mil anos e também a economia que esteve praticamente estagnada, graças às populações que viviam nos feudos, cercadas e isoladas umas das outras com uma produção autossuficiente. Também é normal pensar que o comércio praticamente desapareceu no período medieval. 

Na verdade, porém, devemos lembrar que durante todo esse período, continuaram a existir os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. As pessoas não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Ainda que essas atividades de comércio tenham sido bastante restritas, em uma Europa separada por feudos e ameaçada por guerras entre os povos do continente, isso não significa que elas tenham desaparecido. 


Feudalismo 

As origens do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema escravista de produção no Império Romano entrou em crise. Diante da crise econômica e das invasões germânicas, muitos dos grandes senhores romanos abandonaram as cidades e foram morar nas suas propriedades no campo. Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos feudos medievais. 

Muitos romanos menos ricos passaram a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes senhores. Para poderem utilizar as terras, no entanto, eles eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam, estava instituído assim, o colonato

Aos poucos, o sistema escravista de produção no Império Romano ia sendo substituído pelo sistema servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. Nascia, então, o regime de servidão, onde o trabalhador rural é o servo do grande proprietário. 

No sistema feudal, o rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. 

As relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao vassalo

O sistema feudal dominou durante um longo período de tempo, em toda a Europa Ocidental. Por se estender a uma área tão grande não foi idêntico em todos os lugares. Mas há características comuns como o enfraquecimento do poder real ou central, o fortalecimento dos poderes locais, a existência de fidelidade e proteção (suserania e vassalagem), uso generalizado do trabalho servil no campo, declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural.



Sociedade


A sociedade feudal era dividida em três ordens principais ou estamentos: 
•Clero: Eram os membros da Igreja Católica como padres, monges, bispos, abades e cardeais. A Igreja era grande proprietária de terra e tinha grande influência política e ideológica;

•Nobreza: Eram os senhores de terra e suas famílias, que se dedicavam às atividades militares, Em tempos de paz, os nobres caçavam e participavam de torneios que serviam de treinos para a guerra. Constituíam-se de Duques, Marqueses, Condes, Viscondes, Barões e Cavaleiros;

•Servos: Eram a maioria da população. Constituíam-se de camponeses que realizavam todos os trabalhos necessários à subsistência da sociedade. Eles tinham uma série de restrições à liberdade, poderiam ser vendidos, trocados ou dados pelo seu senhor. Porém eram diferentes dos escravos clássicos, pois tinham reconhecimento de sua condição humana, podiam ter bens e recebiam proteção de seu senhor.

Além destes três estamentos, havia os vilões, que eram homens livres que trabalhavam para os senhores feudais, mas não eram presos à terra e pequenos mercadores e artesãos.

A economia era autossuficiente, ou seja, tudo que se produzia era para consumo próprio do feudo não havendo excedentes. Baseava-se na agricultura e pecuária. Como não havia moedas, era usado um sistema de trocas de mercadorias entre os habitantes com compensações em caso de um produto de maior valor.


Relações e obrigações feudais


Geralmente as terras dos feudos dividiam-se em:
•Manso Comunal: Eram terras de uso comum. Compreendiam em bosques e pastagens. Nessas terras os servos recolhiam madeiras e soltavam animais para pastar;

•Reserva Senhorial: Eram terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal e era onde se localizavam o moinho, os fornos, o estábulo e a capela;

•Manso Servil: Eram terras utilizadas pelos servos. Destas terras eles retiravam seu sustento e os recursos para cumprir as obrigações servis.

A forma de trabalho predominante era a servidão, onde o servo era ‘’homem livre’’, mas era preso à terra na qual trabalhava. Ele tinha que produzir o sustento da sua família e para a nobreza feudal.

O servo era obrigado a trabalhar gratuitamente alguns dias da semana nas terras do senhor feudal, podia ser na agricultura, na criação de animais, na construção de casas e outros edifício ou benfeitorias. Este imposto era chamado de Corveia.

Os servos também pagavam a talha onde eram obrigados a entregar parte da produção agrícola ou pastoril ao senhor feudal. Havia ainda a banalidade, pagamento de taxas ao senhor pela utilização de equipamentos e instalações do senhorio (celeiros, fornos, moinhos, etc.), a mão morta que era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil em caso do falecimento do pai da família, a capitação ou imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça) e o tostão de Pedro, um imposto pago à igreja, utilizado para a manutenção da capela local.

No século X o feudalismo atingiu o seu auge tornando-se uma forma de organização vigente em boa parte do continente europeu. A partir do século seguinte, o aprimoramento das técnicas de produção agrícola e o crescimento populacional proporcionaram melhores condições para o reavivamento das atividades comerciais. Os centros urbanos voltaram a florescer e as populações saíram da estrutura hermética que marcou boa parte da Idade Média.



Igreja Católica

Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos bárbaros, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. 
Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da sociedade feudal. 

Durante a Idade Média, a Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía o poder econômico, adquirido com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da possível recompensa do céu. Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental. Era, portanto, uma grande "senhora feudal" numa época em que a terra constituía a base de riqueza da sociedade.

Toda a vida civil estava regulada pelas observações religiosas. As estações do ano agrícola, as reuniões das assembleias consultivas, o calendário anual eram marcados pelas atividades religiosas.

A vida cotidiana era toda impregnada por pequenos rituais católicos, que demonstravam o grande poder da religião. As doenças epidemias e catástrofes eram geralmente atribuídas ao Diabo, e eram resolvidas por meio de exorcismos, sinais da cruz e outros simbolismos católicos. O poder da Igreja diferenciava-se dos demais, uma vez que além do território sob sua jurisdição política ela tinha o poder espiritual sobre quase todo o território europeu.

Esse domínio, construído durante a Idade Média, consistia em estar presente na vida das diferentes camadas sociais. Era a Igreja que representava, pela sua função religiosa, a segurança para a população medieval atemorizada com a morte e, sobretudo, com o que pudesse ocorrer depois da morte. Essa influência, a princípio puramente espiritual, passa a estender-se para o político, na medida em que eram os papas que coroavam os imperadores, nas cerimônias de sagração.
Havia o poder temporal, onde a Igreja interferia nos assuntos políticos dos reinos europeus ou fornecendo justificativas religiosas, para as guerras contra os infiéis, as Guerras Santas. Entre os movimentos mais conhecidos da Idade Média, orientados pela Igreja, estão as Cruzadas, que contaram com o apoio dos dirigentes políticos das monarquias feudais, para retomar a Terra Santa, então em poder dos turcos.

Alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se a copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças aos monges, esta cultura se preservou.

A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos.



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