Introdução
O período entre guerras (1919-1939)
marcou o fim da sociedade liberal (que pregava o liberalismo econômico,
liberdades individual, política e religiosa) que predominou no mundo durante a Bèlle
Époque (1871-1914). O imperialismo e colonialismo europeu deram aos
principais países desse continente a hegemonia do mundo e, por isso, uma ótica
de encarar o futuro de forma entusiástica e otimista.
Após a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), no entanto, fez com que essa supremacia de poder acabasse e fosse
substituído por outros como os Estados Unidos, com sua economia intacta,
se tornando os "banqueiros do mundo" e na Ásia, após a Revolução
Meiji (1868), o Japão se industrializando, tornando-se imperialista e aproveitando o conflito mundial
para estender seu poderio na região.
A crise econômica que se instalou
na Europa após o fim da guerra gerou uma descrença da agora empobrecida classe
média por esses valores liberais, por causa da impotência dos governos de
resolver a situação.
Paralelo
a isso, acirram-se os conflitos sociais, rebeliões, tumultos e greves mostrando
um crescimento dos movimentos de esquerda e dos sindicatos na
liderança das camadas mais pobres da sociedade. Esses movimentos são formados
por grupos sociais democratas (mais moderados), anarquistas e comunistas
(marxistas), os mais radicais.
Toda
a euforia e otimismo do início do século XX foi substituído por um pessimismo
que beirava o descontrole após a guerra. Esse pessimismo era sentido entre os
intelectuais de classe média, e se manifestou principalmente no sentimento antidemocrático,
no irracionalismo, no nacionalismo agressivo e na proposta de soluções
violentas e ditatoriais para solucionar os problemas oriundos da
crise.
Os
países mais afetados por essa crise foram a Alemanha (derrotada) e a Itália
(mesmo vitoriosa, insatisfeita com os resultados da guerra) onde, a crise se
manifestou de forma mais violenta. Nesses países o liberalismo não conseguira
se enraizar. Ambos possuíam problemas nacionais latentes, por isso, a formação
de grupos de extrema-direita, compostos por ex-militares,
profissionais liberais, estudantes, desempregados, ex-combatentes, etc.,
elementos que pertenciam a uma classe média que se desqualificava
socialmente e eram mais sensíveis aos temas antiliberais, nacionalistas,
racistas, etc.
Desta
forma surgiram na Itália, o fascismo e na Alemanha o nazismo que
inicialmente usavam de violência de suas organizações paramilitares
para dissolver comícios e manifestações operárias e socialistas, com a conivência
das autoridades, que viam no apoio discreto a elas, um meio de esmagar o "perigo
vermelho", representado por organizações de extrema-esquerda, mesmo as
moderadas como os socialistas.
Fascismo na Itália
Atualmente a palavra fascismo foi
ganhando novos significados. Agora, nas primeiras décadas do século XXI, é
comum denominarmos "fascismo" ou "fascista" um indivíduo ou
movimento que defende a repressão violenta para resolver problemas da
sociedade.
A palavra fascismo vem do
latim fascio (feixe), pois um dos primeiros símbolos fascistas
foi o fascio littorio, um machado envolvido num feixe de varas
e era utilizado nas cerimônias do Império Romano como um símbolo de união.
Em março de 1919, em Milão, o
jornalista Benito Mussolini cria os "Fasci di
Combatimento" e os "Squadri" (grupos de combate e esquadrão
respectivamente). Estes tinham como objetivo combater por meios violentos os
adversários políticos, em especial os comunistas.
O Partido Nacional Fascista,
(PNF) fundado oficialmente em novembro de 1921, cresceu rapidamente, o número
de filiados passou de 200 mil em 1919 para 300 mil em 1921. O movimento
agrupava pessoas com tendências políticas e origens variadas: nacionalistas,
anti-esquerdistas, contrarrevolucionários, ex-combatentes e desempregados.
O fascismo se caracterizava por
ser um sistema político ditatorial, autoritário, antiliberal,
nacionalista e anticomunista. Esse regime afirmava ser possível restaurar
aquelas sociedades destruídas pela guerra prometendo riqueza, uma Nação forte e
sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.
Defendiam também um Estado
forte e Totalitário que controlava todas as manifestações da vida
individual e nacional cultuando a figura de um líder, o Duce (que era o
próprio Mussolini) que sabia exatamente o que a população necessitava.
Na Itália, os símbolos do fascismo
eram, Machado e feixe com varas, o símbolo que deu origem ao vocábulo
aparecia em vários monumentos, selos e documentos oficiais, a Camisa Negra,
fazia parte do uniforme dos fascistas e por isso, seus membros eram chamados "camisas-negras",
a saudação com o braço direito levantado e o lema "Crer,
Obedecer, Combater", dito em discursos políticos e estava presente em
medalhas, quadros, etc.
Em outubro de 1922,
durante o congresso do partido fascista realizado em Nápoles, Mussolini
anunciou a "Marcha sobre Roma", onde, cinquenta mil camisas
negras, o uniforme fascista, dirigiram-se para a capital, a cidade de Roma.
Impotente, o rei Vitor-Emanuel III convidou o líder dos fascistas, Benito
Mussolini, para formar o Ministério.
Nas eleições fraudulentas de 1924,
os fascistas obtiveram 65% dos votos e em 1925, Mussolini torna-se
o Duce ("líder", em italiano).
Mussolini começou a implantar seu
programa, acabou com as liberdades individuais, fechou e censurou jornais,
anulou o poder do Senado e a Câmara dos Deputados, criou uma polícia política,
responsável pela repressão etc.
Aos poucos foi instalando o regime
ditatorial. O governo manteve as aparências de monarquia parlamentarista, mas
Mussolini detinha plenos poderes.
Após garantir para si grande
autoridade política e se cercar das elites dominantes, Mussolini buscou o
desenvolvimento econômico do país. No entanto, esse período de crescimento foi
duramente afetado pela crise de 1929.
Nazismo na Alemanha
O termo nazismo
surge em 1920 na cidade de Munique, estado da Baviera e deriva-se das
iniciais do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães
(NSDAP) cuja abreviatura em alemão escreve-se NAZI.
O partido
fundado em 1919 por Anton Drexler e pelo escritor Karl Harrer surgiu com apenas
22 membros, chamava-se originalmente Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP).
Era formado por operários da estação ferroviária da cidade e suas reuniões
ocorriam em bares e cervejarias de Munique onde Drexler como orador fazia
algumas palestras motivacionais, que muitas vezes acabavam em tumultos, por
causa de suas ideias nacionalistas, anticapitalistas, anticomunistas
e antissemitas.
Atraído justamente por esses
conceitos, em 1919, Adolf Hitler faz seus primeiros contatos e entra para
o partido. Com a adesão dele, o partido passou a ter um líder, uma figura
ilustre de propaganda e com o passar do tempo, lentamente o partido vai
ganhando mais e mais adeptos, até Hitler se tornar líder em 1920, mudando o
nome do partido para nazista e desenhando seu novo símbolo, a suástica.
No início de 1920, a Alemanha se
encontrava em uma profunda crise econômica e moral decorrentes da derrota na
Primeira Guerra Mundial e sobretudo da assinatura do Tratado de Versalhes o
qual humilhava e impunha sanções ao país, como a perda de territórios ocupados,
das colônias, a proibição de produzir armas pesadas e o pagamento de uma enorme
indenização em dinheiro.
O partido
defendia que a saída para aquela situação passava por um governo forte, que
rompesse com as obrigações do Tratado, controlasse a economia e os
trabalhadores que eram liderados por partidos de esquerda, principalmente o Partido
Comunista Alemão (KPD), promotor de greves e tumultos.
Para combater
os membros da esquerda, foi criado um braço militar do partido, a S.A.,
(tropas de assalto) ou os camisas marrons que através da violência
atacavam sindicatos e organizações comunistas sempre com a conivência das
autoridades e das elites que viam nessa situação uma forma de manter os seus
privilégios.
As ideias
nazistas foram difundidas graças ao talento oratório de Hitler, às publicações
do partido e ao uso de meios espetaculares de propaganda para influenciar a
opinião pública. Entre esses meios, destacavam-se grandes desfiles militares
e a adoção de um conjunto de ritos pomposos, que manifestavam noções de ordem,
disciplina e organização.
No ano de
1923, Hitler tentou tomar o poder no estado da Baviera, o famoso Golpe da
Cervejaria de Munique, (Putsch da Cervejaria), mas foi preso e
condenado. Nos seis meses em que ficou preso, Hitler desenvolveu sua ideologia
no livro intitulado Minha Luta (Mein Kampf, em
alemão), que se tornou política do Estado totalitário quando os nazistas
tomaram o poder em 1933. Entre as ideias defendidas pelos nazistas, estavam
•A superioridade da raça ariana;
•O fortalecimento do Estado;
•O Expansionismo.
Com a crise
econômica de 1929, a situação econômica da Alemanha piorou. O partido
nazista, nesse período de crise, cresceu muito conquistando simpatizantes em
todas as classes sociais alemã, desde veteranos de guerra e trabalhadores até
intelectuais e grandes industriais, atraídos pela proposta econômica
nacionalista e corporativista dos nazistas. Já nas eleições de 31 de julho de 1932,
os nazistas conseguiram 37% dos votos, ocupando assim 230 cadeiras no
Parlamento. Era o primeiro passo para a dominação total.
A pressão da
presença nazista no Parlamento obrigou o então presidente Paul Von Hindenburg a
nomear Hitler Chanceler da República. Com o incêndio do Reichstag (Parlamento),
os nazistas puderam pressionar, mais uma vez, Hindenburg a assinar em fevereiro
de 1933 um decreto de emergência, suspendendo assim os direitos civis da
população sob a justificativa de que a Alemanha sofria de risco que provinha do
próprio interior da sociedade.
Em março de
1933, Hindenburg aprovou a lei que permitiu ao Chanceler legislar
independentemente do Parlamento. Começava assim a ditadura nazista,
propriamente dita, na qual o líder, Füher, tinha plenos poderes. A ditadura
de Adolf Hitler teve como características a militarização da sociedade alemã, a
máquina de propaganda intensiva em torno da figura do líder, bem como um
cuidadoso culto de sua personalidade e dos ritos e símbolos que o partido
desenvolveu.
O Totalitarismo se difunde
As doutrinas de inspiração nazifascistas se espalharam pelo
mundo como, por exemplo:
• Espanha – general Francisco Franco;
• Portugal – Antônio Oliveira Salazar;
• Brasil: Integralismo – Plínio Salgado.
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