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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Alta Idade Média

Panorama 

A Idade Média, segundo os historiadores, é um período compreendido entre os anos de 476 a 1453, ou seja, do século V ao século XV. Costuma-se também dividi-la em dois grandes períodos, A Alta Idade Média (séculos V ao X) e a Baixa Idade Média (séculos XI ao XV). 

É comum chamarmos a Idade Média de Idade das Trevas devido ao pouco avanço cultural, científico produzido nestes quase mil anos e também a economia que esteve praticamente estagnada, graças às populações que viviam nos feudos, cercadas e isoladas umas das outras com uma produção autossuficiente. Também é normal pensar que o comércio praticamente desapareceu no período medieval. 

Na verdade, porém, devemos lembrar que durante todo esse período, continuaram a existir os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. As pessoas não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Ainda que essas atividades de comércio tenham sido bastante restritas, em uma Europa separada por feudos e ameaçada por guerras entre os povos do continente, isso não significa que elas tenham desaparecido. 


Alta Idade Média Ocidental

Feudalismo 
As origens do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema escravista de produção no Império Romano entrou em crise. Diante da crise econômica e das invasões germânicas, muitos dos grandes senhores romanos abandonaram as cidades e foram morar nas suas propriedades no campo. Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos feudos medievais. 

Muitos romanos menos ricos passaram a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes senhores. Para poderem utilizar as terras, no entanto, eles eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam, estava instituído assim, o colonato

Aos poucos, o sistema escravista de produção no Império Romano ia sendo substituído pelo sistema servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. Nascia, então, o regime de servidão, onde o trabalhador rural é o servo do grande proprietário. 

No sistema feudal, o rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. 

As relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao vassalo

O sistema feudal dominou durante um longo período de tempo, em toda a Europa Ocidental. Por se estender a uma área tão grande não foi idêntico em todos os lugares. Mas há características comuns como o enfraquecimento do poder real ou central, o fortalecimento dos poderes locais, a existência de fidelidade e proteção (suserania e vassalagem), uso generalizado do trabalho servil no campo, declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural.

Sociedade

A sociedade feudal era dividida em três ordens principais ou estamentos: 
•Clero: Eram os membros da Igreja Católica como padres, monges, bispos, abades e cardeais. A Igreja era grande proprietária de terra e tinha grande influência política e ideológica;

•Nobreza: Eram os senhores de terra e suas famílias, que se dedicavam às atividades militares, Em tempos de paz, os nobres caçavam e participavam de torneios que serviam de treinos para a guerra. Constituíam-se de Duques, Marqueses, Condes, Viscondes, Barões e Cavaleiros;

•Servos: Eram a maioria da população. Constituíam-se de camponeses que realizavam todos os trabalhos necessários à subsistência da sociedade. Eles tinham uma série de restrições à liberdade, poderiam ser vendidos, trocados ou dados pelo seu senhor. Porém eram diferentes dos escravos clássicos, pois tinham reconhecimento de sua condição humana, podiam ter bens e recebiam proteção de seu senhor.

Além destes três estamentos, havia os vilões, que eram homens livres que trabalhavam para os senhores feudais, mas não eram presos à terra e pequenos mercadores e artesãos.

A economia era autossuficiente, ou seja, tudo que se produzia era para consumo próprio do feudo não havendo excedentes. Baseava-se na agricultura e pecuária. Como não havia moedas, era usado um sistema de trocas de mercadorias entre os habitantes com compensações em caso de um produto de maior valor.

Relações e obrigações feudais

Geralmente as terras dos feudos dividiam-se em:
•Manso Comunal: Eram terras de uso comum. Compreendiam em bosques e pastagens. Nessas terras os servos recolhiam madeiras e soltavam animais para pastar;

•Reserva Senhorial: Eram terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal e era onde se localizavam o moinho, os fornos, o estábulo e a capela;

•Manso Servil: Eram terras utilizadas pelos servos. Destas terras eles retiravam seu sustento e os recursos para cumprir as obrigações servis.

A forma de trabalho predominante era a servidão, onde o servo era ‘’homem livre’’, mas era preso à terra na qual trabalhava. Ele tinha que produzir o sustento da sua família e para a nobreza feudal.

O servo era obrigado a trabalhar gratuitamente alguns dias da semana nas terras do senhor feudal, podia ser na agricultura, na criação de animais, na construção de casas e outros edifício ou benfeitorias. Este imposto era chamado de Corveia.

Os servos também pagavam a talha onde eram obrigados a entregar parte da produção agrícola ou pastoril ao senhor feudal. Havia ainda a banalidade, pagamento de taxas ao senhor pela utilização de equipamentos e instalações do senhorio (celeiros, fornos, moinhos, etc.), a mão morta que era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil em caso do falecimento do pai da família, a capitação ou imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça) e o tostão de Pedro, um imposto pago à igreja, utilizado para a manutenção da capela local.

No século X o feudalismo atingiu o seu auge tornando-se uma forma de organização vigente em boa parte do continente europeu. A partir do século seguinte, o aprimoramento das técnicas de produção agrícola e o crescimento populacional proporcionaram melhores condições para o reavivamento das atividades comerciais. Os centros urbanos voltaram a florescer e as populações saíram da estrutura hermética que marcou boa parte da Idade Média.

Igreja Católica

Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos bárbaros, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. 
Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da sociedade feudal. 

Durante a Idade Média, a Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía o poder econômico, adquirido com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da possível recompensa do céu. Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental. Era, portanto, uma grande "senhora feudal" numa época em que a terra constituía a base de riqueza da sociedade.

Toda a vida civil estava regulada pelas observações religiosas. As estações do ano agrícola, as reuniões das assembleias consultivas, o calendário anual eram marcados pelas atividades religiosas.

A vida cotidiana era toda impregnada por pequenos rituais católicos, que demonstravam o grande poder da religião. As doenças epidemias e catástrofes eram geralmente atribuídas ao Diabo, e eram resolvidas por meio de exorcismos, sinais da cruz e outros simbolismos católicos. O poder da Igreja diferenciava-se dos demais, uma vez que além do território sob sua jurisdição política ela tinha o poder espiritual sobre quase todo o território europeu.

Esse domínio, construído durante a Idade Média, consistia em estar presente na vida das diferentes camadas sociais. Era a Igreja que representava, pela sua função religiosa, a segurança para a população medieval atemorizada com a morte e, sobretudo, com o que pudesse ocorrer depois da morte. Essa influência, a princípio puramente espiritual, passa a estender-se para o político, na medida em que eram os papas que coroavam os imperadores, nas cerimônias de sagração.
Havia o poder temporal, onde a Igreja interferia nos assuntos políticos dos reinos europeus ou fornecendo justificativas religiosas, para as guerras contra os infiéis, as Guerras Santas. Entre os movimentos mais conhecidos da Idade Média, orientados pela Igreja, estão as Cruzadas, que contaram com o apoio dos dirigentes políticos das monarquias feudais, para retomar a Terra Santa, então em poder dos turcos.

Alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se a copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças aos monges, esta cultura se preservou.

A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos.

Alta Idade Média Oriental

Império Bizantino 


O Império Bizantino surgiu em meio à crise que passava o Império Romano no século IV, quando o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes, o Império Romano do Ocidente com capital em Roma e o Império Romano do Oriente com capital em Constantinopla. No final do século V, as invasões dos povos bárbaros haviam destruído e fragmentado o império ocidental, enquanto no oriente o poder manteve-se centralizado.


A cidade de Constantinopla era a capital do Império Bizantino e se localizava no estreito de Bósforo entre o Mar de Mármora e o Mar Negro. Localizada entre a Europa e a Ásia, era o destino final de importantes rotas comerciais vindas da Ásia e o destino inicial de rotas comerciais para a Europa. Favorecia o intercâmbio cultural e comercial de todas as sociedades desenvolvidas da época.

No governo de Justiniano (527 – 565), o império expandiu seu território que visava recuperar o antigo esplendor vivido pelo Antigo Império Romano, realizando importantes conquistas no norte da África, derrotando os vândalos e posteriormente os ostrogodos na Península Itálica e por último, parte da Espanha após derrotar os visigodos.
Do século VII ao X o Império Bizantino perdeu progressivamente os territórios conquistados e sofreu fortes investidas de outros povos germânicos, de búlgaros e persas.

A recuperação e fortalecimento do Império ocorreram durante o reinado de Basílio II, que derrotou os búlgaros, no entanto, nesse mesmo século XI novas invasões ocorreram, destacando-se os turcos seldjúcidas no oriente médio a partir de 1071.

Governando de forma despótica, Justiniano controlou a vida política, econômica e também a religiosa exercendo forte influência sobre a Igreja, instituindo o “cesaropapismo” e combatendo todas as manifestações contrárias como as “heresias” preocupando a igreja e afetando seu poder.

Mesmo contando com essa aproximação do mundo romano, o Império Bizantino sofreu influência dos valores da cultura grega e asiática. Um dos traços mais nítidos dessa multiplicidade da cultura bizantina nota-se nas particularidades de sua prática religiosa cristã. 


Divergindo de princípios do catolicismo romano, os cristãos bizantinos não reconheciam a natureza física de Cristo, admitindo somente sua existência espiritual. Além disso, repudiavam a adoração de imagens chegando até mesmo a liderarem um movimento iconoclasta. 

Essas divergências doutrinárias chegaram ao seu auge quando, em 1054, o Cisma do Oriente estabeleceu a divisão da Igreja em Católica Apostólica Romana e Ortodoxa. Dessa forma, a doutrina cristã oriental começou a sofrer uma orientação afastada de diversos princípios do catolicismo tradicional contando com lideranças diferentes das de Roma.

Na Baixa Idade Média, o Império Bizantino deu seus primeiros sinais de enfraquecimento. O movimento cruzadista e a ascensão comercial das cidades italianas foram responsáveis pela desestruturação do Império.

A Quarta cruzada foi responsável pela desagregação do império 1204 a 1261, durante esse período grande parte do território bizantino ficou sob domínio dos mercadores de Veneza.

No século XIV, a expansão turco-otomana na região dos Bálcãs e da Ásia Menor reduziu o império à cidade de Constantinopla. Finalmente, em 1453, os turcos dominaram a cidade e deram o nome de Istambul, uma das principais cidades da Turquia.

Mundo Árabe 

A civilização árabe surgiu e irradiou-se a partir da Península Arábica, localizada na Ásia entre o Golfo Pérsico, o Oceano Índico e o Mar Vermelho.

Eles se dividiam em:
Árabes do litoral: povos sedentários que moravam em cidades próximas do litoral como Meca e Yathrib. Dedicavam-se ao comércio;
Árabes do deserto: povos seminômades que vivam em oásis da península. Eram criadores de ovelhas, cabras e camelos e realizam saques e pilhagens.

Até o século VI, os árabes ligavam-se pelos laços de parentesco e por elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma e possuíam a mesma religião politeísta, adorando centenas de divindades.


Na cidade de Meca havia um templo conhecido como Caaba que reunia as estátuas dos principais deuses. Lá também se encontrava a Pedra Negra venerada pelos árabes que diziam ter sida trazida do céu por um anjo. A cidade, além de centro religioso, era também o principal centro comercial dos árabes.

Em 630, Meca foi conquistada por Maomé (Mohamed), que estabeleceu uma nova religião, monoteísta, denominada Islamismo. Logo, a nova crença se espalhou pela Arábia e os diversos povos foram se unificando em torno da nova religião. Por meio da identidade religiosa, criou-se outra organização política e social entre os árabes.

A religião islâmica prega a submissão total do ser humano a Alá, o deus único criador do universo. Essa submissão é chamada de Islão e aquele que tem fé em Alá é chamado de muçulmano.

Todos os princípios básicos do islamismo encontram-se reunidos no Corão ou Alcorão que além de normas religiosas inclui preceitos jurídicos, morais, econômicos e políticos que orientam o cotidiano da vida social.

Os princípios básicos do islamismo são:
•Crer em Alá, o único Deus e em Maomé (Mohamed), o seu grande profeta;
•Fazer cinco orações diárias com seu rosto voltado para a cidade sagrada de Meca;
•Ser generoso com os pobres dando-lhe esmolas;
•Cumprir o jejum religioso durante o Ramadan (mês sagrado);
•Ir em peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida.

Após a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu várias interpretações, entre as quais se destacaram duas correntes, a dos sunitas que correspondem a aproximadamente 80% dos muçulmanos do mundo e a dos xiitas com os outros 20%.

Maomé e seus seguidores criaram o Estado muçulmano de governo teocrático que se expandiu por meio de conquistas militares. Essa expansão se deu em três fases:
•Primeira etapa (632 – 661): Conquistas da Pérsia, Síria, Palestina, Egito;
•Segunda etapa (661 – 750): Conquistas do noroeste da China, norte da África e de quase toda a Península Ibérica;
•Terceira etapa (750 – 1258): Conquistas na Península Balcânica (Europa).

Os árabes tiveram grande influência sobre a civilização ocidental. Eles se destacaram no comércio com o controle de rotas comerciais provenientes da Ásia, revolucionaram a atividade náutica com vários inventos como barco a vela, a bússola e espalharam para o ocidente a pólvora e o papel, na matemática introduziram o algarismo hindu e o numeral zero, desenvolveram a álgebra e a trigonometria e na medicina, descobriram novas técnica cirúrgicas, causas de doenças como varíola e sarampo e ainda contribuíram com várias palavras na língua portuguesa como álcool, algodão, azeite, esfirra, quibe, açougue, etc.

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