A partida
Dependente do comércio britânico, Portugal se viu num enorme impasse: atender à França significava perder sua principal colônia na época, o Brasil, pois a marinha inglesa dominava os mares e poderia invadi-lo. Não atender às exigências napoleônicas significava ter seu próprio território invadido pelas tropas francesas. Sabiamente, o príncipe regente dom João, que governava no lugar da mãe, dona Maria I, que enlouquecera, decidiu ficar do lado dos ingleses e a solução encontrada para não se submeter a Napoleão foi transferir a Corte portuguesa para o Brasil. Embora o território português fosse invadido, o Reino de Portugal sobreviveu do outro lado do Atlântico.
Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em 14 navios, a família real, a nobreza e o alto funcionalismo civil e militar da Corte. Traziam consigo todas as suas riquezas. Os soldados franceses, quando chegaram a Lisboa, encontraram um reino pobre e abandonado.
A chegada
A viagem da elite portuguesa não foi nada fácil, em especial devido a uma tempestade que dispersou os navios. Enquanto parte deles veio dar no sudeste, o que conduzia dom João aportou na Bahia, em 22 de janeiro de 1808 e ali permaneceu por mais de um mês. D. João assinou o Tratado de Abertura dos Portos às nações amigas, exceto a França acabando com o monopólio comercial português e instalando o livre comércio na colônia. Em março, o príncipe regente preferiu transferir-se para o Rio de Janeiro, então pouco mais que uma vila. De uma hora para outra, o Rio se viu obrigado a alojar uma multidão de nobres autoridades. Para os donos do poder, porém, não havia problemas. Dom João requisitou as melhores residências, simplesmente despejando seus moradores. Dali, agora, o Império português seria governado.
A administração Portuguesa
Apesar dos transtornos, as consequências da vinda da família real portuguesa para o Brasil foram positivas e culminaram com o processo de Independência do país. Todas as atividades no país se dinamizaram com a fixação da Corte no Rio de Janeiro. A necessidade de melhoramentos resultou em medidas que trouxeram rápido progresso. As principais medidas administrativas tomadas por D. João no Brasil foram o Tratado de Livre Comércio e Navegação de 1810, a reorganização da administração com a nomeação de ministros de Estado, criação de diversas secretarias públicas, instalação de Tribunais de Justiça, fundação do Banco do Brasil, liberação da atividade industrial brasileira, implantação de diversas academias e obras culturais como a Academia Militar e da Marinha, o hospital militar, criação do ensino superior com duas escolas de medicina, criação do Jardim Botânico, inauguração da Biblioteca Real, fundação da Imprensa Régia que publicou o primeiro jornal brasileiro, a Gazeta do Rio de Janeiro, criação da Academia de Belas Artes, contratação de artistas e professores estrangeiros e a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815, onde o país adquiria a autonomia administrativa.
Com a morte da rainha D. Maria I em 1816, o príncipe regente seria aclamado e coroado rei, como D. João VI em 1818. A partir de 1821, as capitanias passaram a ser chamadas de províncias e a divisão territorial do Brasil se aproximou da atual. A administração ficou centralizada nas mãos do rei e dos governadores das províncias a ele subordinados.
O retorno
Em 1811, os exércitos napoleônicos já haviam sido expulsos de Portugal pelos ingleses. O militar inglês lorde Beresford, passou a administrar o país, enquanto a Corte estava no Brasil. A população sofria com a decadência do comércio, a fome, a miséria e a tirania política dos estrangeiros. Os portugueses estavam insatisfeitos e, em 1820, estourou a Revolução Liberal do Porto, cidade ao norte de Portugal. Os rebeldes exigiram a volta de dom João e a expulsão dos governantes estrangeiros. Cedendo às pressões de Portugal, D. João VI voltou em 26 de abril de 1821. Deixou, contudo, seu filho dom Pedro como regente do Brasil.
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